AS DORES DA TERRA
Por Regina de Faria
Já se tornou recorrente o bombardeio de notícias catastróficas oriundas de todos os “cantos” do planeta e de diferentes níveis: terremotos, inundações, tsunamis, desastres envolvendo usinas nucleares, dentre tantos outros. Nestes momentos podemos sentir a alma do planeta gemer e este lamento ecoa em cada um de nós através da compaixão por tantos que perdem tudo e vêem familiares, amigos e vizinhos perderem até mesmo a própria vida. Hoje o planeta se transformou em uma grande aldeia global e compartilhamos o sofrimento daqueles, que embora distantes fisicamente, fazem parte da mesma família.
A partir de meados da década de 1990 a maioria da humanidade passou a viver nas cidades atingindo marcas dos níveis de urbanização na casa dos 85%. O mundo hoje é um grande espaço urbano e as conseqüências da exploração irracional dos recursos naturais já se faz presente através de grandes catástrofes. Há muito que a causa ambiental passou a ser uma estratégia de sobrevivência da vida em nosso planeta e comungo com aqueles que acreditam que ainda temos tempo para reverter as conseqüências do modelo de desenvolvimento irracional e predatório.
Conforme Roberto Crema (1989), psicoterapeuta e reitor da Universidade Holística Internacional, “para qualquer pessoa dotada de um mínimo de arte de ver o óbvio é tão fácil quanto atordoante constatar que vivemos uma crise sem precedentes, por seu aspecto avassalador.” É uma crise vital, pois pela primeira vez, na história da humanidade corremos o risco iminente de autodestruição total. Indubitavelmente a vida está ameaçada no nosso planeta, mas de acordo com a filosofia oriental toda crise possui em si a oportunidade de transformação. Não é por acaso que encontramos hoje as questões ambientais na pauta de todos os discursos e, por conseguinte em muitas campanhas de organizações religiosas. Marina Silva, por exemplo, ex-Ministra do Meio Ambiente do governo Lula é evangélica e é um exemplo do compromisso de diversas igrejas em incorporar as questões ambientais na reflexão da atuação dos cristãos. A igreja católica, por sua vez, no dia 13 de Março lançou a Campanha da Fraternidade de 2011 cujo tema, Fraternidade e a Vida no Planeta e o Lema "A Criação geme em dores de parto", insere a problemática ambiental nas reflexões das comunidades de todo país. Nesta vertente busca abordar as pesquisas das causas, conseqüências e gravidade do aquecimento global e das mudanças climáticas para a sobrevivência da vida no planeta.
No lançamento oficial da campanha fraternidade ao conclamar cada cristão a mudar suas atitudes citou-se Madre Tereza de Calcutá ao afirmar que, “cada ação será uma gota de água dentro de um oceano, que o tornará diferente.” Ressaltou-se a necessidade urgente de mudança de mentalidade com a convicção de que apenas as atitudes de cada pessoa pautada na cultura de conscientização ambiental poderão reverter às conseqüências de uma sociedade pautada no consumismo capitalista selvagem.
Vivemos um momento dramático em que a realidade reforça a necessidade premente de mobilização e organização consciente da sociedade civil, pois ninguém comete erro maior do que nada fazer. Cada um de nós deve assumir o compromisso de mudança de atitude em favor da preservação do planeta. É urgente a adoção de medidas rápidas com caráter emergencial e profunda eficiência para que os padrões culturais se alterem e as políticas públicas tenham a necessária eficácia na reversão do atual quadro ambiental. Apenas assim poderemos transformar os gemidos de dor em gemido de amor e de esperança.
Regina de Faria Brito
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