Por Myriam Marques
Quando o funcionário público sai de casa todos os dias para o trabalho, cumpre com suas obrigações e horários pré-estabelecidos, realiza uma trajetória cotidiana pesada, enfrenta barreiras diárias as quais produzem sintomas físicos muito próximos ao patológico, causando males irremediáveis. Isso não é demagogia tampouco exagero ou desculpa para justificar falhas humanas. Há uns cem números de pessoas adoecidas pelo acúmulo de stress adquirido ao longo dos dias. Isso é fato, é real, é notório.
Diante do quadro angustiante e severamente verossímil que ora se apresenta, algumas pessoas fingem não perceber e ou reconhecer a necessidade urgente de valorizar o humano e as virtudes naturais de cada um.Ao contrário, o que vemos é um festival de máscaras e artificialidade, onde prevalecem os interesses meramente individuais em que valorizam-se aqueles que de algum modo são importantes na esfera dos acordos políticos.
Não dá para prever o que mais pode ser manipulado pelas forças dominantes, haja vista que contra a força não há argumento.É incrível a forma em que se operam as coisas, atropelando os direitos dos indivíduos de modo tal que controla até mesmo o direito à argumentação. A própria lei é utilizada de modo tal que favorece também aos interesses dos dominadores.
Alguém já ouviu dizer que um trabalhador que cumpriu sua jornada diária durante meses, anos afinco, sofreu todos os percalços e dificuldades básicas desencadeadas pelo atraso de seus pagamentos ocorrido entre os anos de 1996 e 2000, SIMPLESMENTE NÃO IRÃO RECEBER SEUS PAGAMENTOS PORQUE A PROCURADORIA OPINOU PELA IMPOSSIBILIDADE DO PAGAMENTO DOS SALÁRIOS ATRASADOS DE 1996 E 2000.
Socorro, alguém os ajude. É terrível isso. Tem funcionários aposentados sem receber seus salários de 1996 e 2000. São mães e pais de família que fizeram empréstimos para não passar fome ao lado de seus filhos. Pessoas que adoeceram e não tinham dinheiro para comprar sequer o remédio para minimizar suas dores físicas, quem dirá as emocionais.
Na listagem de nomes, aparecem 157 aposentados que tiveram a coragem de buscar ajuda na justiça do homem. Destes, muitos já estão mortos. Morreram sem receber seus salários devidos. Alguns já não têm forças para continuar a luta, e nem esperança de ver a justiça superar o horror.
Como pode pagamento de salário prescrever??? Qual a justificativa para não se pagar salários aos trabalhadores que sofreram a angústia da falta???
Diante de tamanha aberração não há argumento e nem resposta que possamos dar àqueles que nos procuram carregados de tristeza e desilusão frente à decisão tomada.
Restam-lhes evocar os céus à espera de um milagre! Ou simplesmente refletir nas palavras do poeta Castro Alves:
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...
Onde estás, Senhor Deus?...
Assim, reiteramos nossos protestos em memória daqueles aposentados que já partiram deste mundo e aguardam dos altos céus que os homens sejam mais homens e menos máquinas, que invistam na possibilidade do amor da fé e da caridade.
Prof.Ms. Myriam Marques
Presidente do Conselho Municipal de Assistência Social
Prefeitura Municipal de Anápolis