A ciência da paz.
Por Regina de Faria
Temos consciência de que o homem contemporâneo convive diariamente com situações estressantes um dos resultados de uma sociedade pautada na competitividade e consumismo exacerbados. O stress considerado uma doença a partir da década dos anos 90 é proveniente de uma vida agitada e corrida cheia de afazeres e preocupações e atinge as pessoas independente de sua classe social, faixa etária, cor ou religião.
Em cada esquina que atravessamos já existe uma ciência do conflito e da guerra instalada, por isto passou a ser essencial a renovação de nossas reservas de paciência interior. A condição de saúde em plenitude neste novo milênio exige sabedoria, considerada o instrumento fundamental para a tão necessária ciência da paz. Precisamos inverter este círculo vicioso da violência no círculo virtuoso da serenidade e da ternura. Mas essa tarefa não é tão simples, pois este conhecimento ainda não habita o currículo de nossas escolas. É necessário aprender com a vida. Cada dia nos traz uma lição e com certeza, as pedras de tropeço podem se transformar na motivação para a busca de paz interior.
Pierre Weil (1924-2008), doutor em Psicologia pela Universidade de Paris, após uma crise existencial seguida de um câncer dedica-se de corpo e alma à pesquisa e ao estabelecimento de uma cultura para a paz. A UNIPAZ foi criada em 1987 e ele passa a ser o seu presidente. Em 1989 Pierre Weil elabora uma teoria sobre a gênese da destruição da vida sobre o Planeta e sobre os princípios e abordagens que possibilitam um novo método de Educação para a paz. Ele segue em sua abordagem as recomendações do preâmbulo da UNESCO (organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e cultura) que afirma: “As guerras nascem no espírito dos homens, e é nele, primeiramente, que devem ser erguidos os baluartes da paz.”.
Esta nova concepção se apóia na trilogia integrativa de três aspectos da Paz, a saber:
1- A Paz consigo próprio, denominada Ecologia e Consciência individuais e atua nos planos do corpo, das emoções e do espírito;
2- A Paz com os outros, denominada de Ecologia e Consciência Sociais e atua nos planos da economia, da sociedade, da política e da cultura;
3- A Paz com a natureza, denominada de Ecologia e Consciência do Universo e atua nos planos da matéria, da vida e da informação.
Este novo modelo de educação foi desenvolvido em diversas modalidades e workshops que estão sendo desenvolvidos em todo o mundo com o apoio da UNESCO e parte do pressuposto de que a violência pode ser banida imediatamente de todos os níveis da vida, mas é necessário que os homens escolham com audácia, imaginação e determinação o caminho da paz. Porque ele não é o único. Existe também a trilha sombria que conduz à desordem e à guerra e que tem o poder de nos indignar comprometendo também nossa paz interior.
Diversas e diferentes tradições espirituais apresentam caminhos para a busca da paz interior. Para os cristãos a verdadeira paz é apresentada pela fé e pela graça de aceitar Jesus como o dom de Deus e a garantia de perfeição e segurança do homem. Através da simbologia da cruz, tudo aquilo de que o homem tem necessidade, tanto no plano horizontal, visto como suas necessidades materiais, quanto no plano vertical pela necessária evolução espiritual, Jesus responde em suas célebres autoapresentações: “Eu sou – o pão, a paz, o pastor, a porta (de acesso ao Pai), a ressurreição e a vida, o caminho, a verdade e a vida.” Viver em comunhão com Deus significa ser feliz. O amor é a experiência central do cristianismo. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo e com certeza a natureza já estava subtendida neste mandamento.
Jesus Cristo diz a todos os que crêem nEle: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração" (Jo 14.27b).
Regina de Faria Brito
Presidente SINDIANÁPOLIS