sexta-feira, 11 de março de 2011

Comenda HAYDÉE JAYME.
"Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível.”
                                            São Francisco de Assis 
Por Regina de Faria
No dia 10 de Março tive a honra de ser agraciada pelo Prefeito Municipal de Anápolis com a entrega da Medalha de Distinção de Mérito Haydée Jaime em comemoração ao dia Internacional da Mulher. Quinze mulheres com atividades bem diversificadas foram escolhidas para receber no salão do Parque Ipiranga esta comenda representando a mulher em ação na cidade de Ana.
Ao ouvir a biografia de minhas companheiras acredito ter compartilhado de um mesmo sentimento. “Eu tenho feito tão pouco para justificar ser homenageada em vida...” Ao invés de me sentir cheia de orgulho me senti muito pequena perante o quanto há por ser feito. Mesmo assim não posso deixar de externar a alegria de ter meu nome lembrado e algumas das fortes razões que justificam este sentimento:
             Haydée Jayme nasceu em Anápolis - GO, no dia 29 de junho de 1926 viveu uma vida plena e laureada com a autoria de grandes livros e intensa poesia.
Historiadora, poetisa, jornalista, artista plástica, escritora e professora, ela escreveu a história da cidade com farta documentação. Faleceu em Anápolis no dia 2 de Janeiro do ano de 1999 deixando um legado digno de uma grande personagem que contribuiu sobremaneira na construção de nossa história. Suas crônicas, poesia e, sobretudo os livros históricos tem elucidado os amantes e pesquisadores de conhecimentos sobre nossos antepassados. Durante minha dissertação de pós-graduação e posteriormente de mestrado, esta grande escritora me acompanhou inspirando e subsidiando os textos sobre a elucidação da história e evolução do município de Anápolis, sob a ótica do planejamento urbano.
Coincidentemente nos idos de 2007 o local onde se realizou o evento foi motivo de uma das mobilizações conjuntas entre o Sindianápolis e o então vereador de oposição Antonio Gomide, hoje prefeito. Naquela ocasião parte da área pública estava sendo leiloada para a construção de arranha-céus apesar de ser área de preservação permanente. Denominamos o movimento de “O grito do Ipiranga” e através de abaixo-assinados e uma representação pública frente ao Ministério Publico Estadual - MPE conseguimos reverter à situação. Hoje o local foi totalmente revitalizado e entregue à população transformado em um parque de extrema beleza onde a população pode usufruir prazerosamente das águas límpidas do Córrego Ipiranga.
Merece ser enaltecida a atitude de o Prefeito Municipal conceder esta honraria a uma presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Município. Traduzindo, se ontem o vereador de oposição estava lado a lado com o sindicato em suas lutas e reivindicações, hoje ele é o patrão destes servidores e, obviamente o foco principal de cobrança e alvo central de críticas.
Tenho em meu caderno de anotações uma frase de autor desconhecido que me guia e orienta meus passos:
 “A gratidão é o caminho mais próximo para chegar a Deus.”
Por isto não poderia deixar de agradecer publicamente primeiro a Deus que me fortalece nesta árdua caminhada, à minha família que me apóia e me dá o equilíbrio necessário, ao jornalista Nilton Pereira que indicou meu nome, aos demais membros da comissão designada para a escolha das homenageadas, ao Prefeito Municipal pela aceitação da indicação, aos meus amigos presentes e ausentes, aos servidores públicos companheiros de jornada e aos membros da diretoria do Sindianápolis por serem os voluntários nesta empreitada que justificou a honraria a mim concedida .

Regina de Faria Brito
Presidente SINDIANÁPOLIS
          www.sindianapolis.org

sexta-feira, 4 de março de 2011

MARIA, MARIA.

“Quem traz na pele essa marca
  Possui a estranha mania
  De ter fé na vida...”
                                                                    Por Regina Faria.


        O Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de Março, tem como origem as manifestações das mulheres russas por "Pão e Paz" - por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada do seu país na Primeira Guerra Mundial. Nos Estados Unidos e na Europa essas manifestações já haviam surgido desde os primeiros anos do século XX, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto.
        O fato de vivermos em uma sociedade que possui sua organização pautada na ideologia patriarcal induziu as mulheres à necessidade de grande mobilização de seus esforços em busca da garantia de seus direitos essenciais.
        Conforme Joseph Campbell os hebreus foram os primeiros a usar o termo pai para denominar o que até então era a Deusa Mãe ou Mãe Terra, a divindade da religião entre os antigos que cultuava as mulheres.
        Nas diversas tradições espirituais o antagonismo entre o feminino e o masculino está presente de maneira diferenciada. No cristianismo, primordialmente na Igreja Católica, Maria, a mãe de Jesus, é reverenciada deste os tempos primitivos. A Virgem Maria é também admirada pelos muçulmanos. Nos textos Bíblicos encontramos no Antigo Testamento, mulheres exercendo forte liderança e permanente papel na formação da consciência do povo hebreu. O Novo Testamento, não é diferente do Antigo Testamento, quanto à participação feminina na caminhada do Povo de Deus. Além de Maria a mãe de Jesus outras mulheres, acompanharam e permaneceram com Jesus em toda sua curta trajetória até o pé da Cruz.
        A filosofia Taoísta, por sua vez, tem em sua estrutura conceitual dois pólos arquetípicos – o yin e o yang – que conjuntamente dão a essência do Tao enquanto processo cósmico de continuo fluxo e mudança. Nesta concepção chinesa, todas as manifestações são geradas pela interação dinâmica desses dois pólos arquetípicos e todos os fenômenos naturais são manifestações de uma contínua oscilação entre estes dois pólos.
       De forma simplificada o arquétipo Yin está associado às seguintes características: noite, inverno, umidade, frescor, interior, feminino, intuitivo, sintético, receptivo. Por sua vez o arquétipo Yang está relacionado ao: dia, verão, secura, calidez, superfície, masculino, racional, analítico, agressivo. Se atentarmos para esta lista de opostos, é fácil perceber que nossa sociedade tem favorecido sistematicamente o yang em detrimento do yin. Somos fruto de uma visão cartesiana e mecanicista que caracterizou a revolução científica, desta forma nossa cultura está dominada pelo pensamento racional. Nossa geração sofre as conseqüências de uma busca insana alicerçada na crença de que o avanço tecnológico seria a solução para todos os males da sociedade. O conhecimento racional prevalece sobre a sabedoria intuitiva, a ciência sobre a religião, a competição sobre a cooperação, a exploração de recursos naturais em vez de conservação, e assim por diante. Nossos ideais estão centrados no individualismo exacerbado e na competição desmedida.
       Esta ênfase sustentada pelo sistema patriarcal durante os três últimos séculos acarretou um profundo desequilíbrio cultural que está na própria raiz de nossa atual crise – um desequilíbrio em nossos pensamentos e sentimentos, em nossos valores e atitudes e em nossas estruturas sociais, econômicas e políticas. A freqüente associação do yin com passividade e do yang com atividade enquadra as mulheres em um modelo de passividade e receptividade e os homens como ativos e criativos. Essas imagens buscam trazer uma explicação científica para manter as mulheres num papel subordinado, subserviente, em relação aos homens.
       Nas décadas mais recentes, conclui-se que todas essas idéias e esses valores estão seriamente limitados e necessitam de uma revisão radical. O declínio do patriarcado, o final da era do combustível fóssil e a mudança de paradigma que vivenciamos estão contribuindo para uma transição de dimensões planetárias. Estamos chegando a um momento decisivo em que necessário se faz uma revolução cultural na verdadeira acepção da palavra. A sobrevivência de toda a nossa civilização pode depender de sermos ou não capazes de realizar tal mudança. Com certeza, as mulheres possuem um papel primordial nesta transformação já em curso, pois mais do que ninguém conhecem os processos de gestação, nascimento e vida.